Era praticamente uma noite de verão, daquelas que não eram nem
quentes, nem frias, sem vento, sem… Enfim, uma ótima noite para sair de casa e
ir a uma discoteca com os amigos, prontos a embebedarem-se. Mas o que se podia
fazer se eram a sua única companhia num domingo de Junho? Pois era o que Demi
sempre pensava quando saía de casa à noite.
Já eram quase onze e meia da noite e Demi ainda estava sozinha
em casa, mas também não se importava muito, pois já estava habituada. Todos os
dias a mãe chegava por volta da meia-noite, muitas vezes por causa do trabalho
outras vezes por causa dos seus possíveis amantes.
O pai de Demi tinha-se divorciado da mãe há cerca de 2 anos.
Demi nunca reagiu bem ao divórcio dos pais. A verdade é que ela não gostava de
encarar a realidade, pois sabia que os pais eram infelizes juntos. Vive com a
mãe e passa os fins-de-semana com o pai.
Demi estava prestes a sair de casa, quando ouve a mãe a
chegar.
- Cheguei! – Gritou a mãe do andar de baixo.
- Bem, olá e adeus! – Disse Demi toda atrapalhada a descer as
escadas com pressa.
- Onde é que pensas que vais, minha menina?
- Vou sair com os meus amigos.
- Amanhã tens aulas, ou já te esqueceste?
- Ai mãe! Deixa de ser assim. Esta semana já é a última e
depois estou de férias.
- Sim, mas enquanto não estás, não sais à noite e ponto final!
- Agora já percebi porque é que o pai separou-se de ti. Sempre
ausente e quando aparece decide as coisas pelos outros. – Ao fim de dizer estas
palavras, sentiu uma grande dor na sua face.
- Tu não voltas a dizer isso! Estamos entendidas? Agora vai
para o quarto e dorme.
Contrariada, Demi foi para o quarto e tranca-se lá. Dirige-se
à sua mala e procura nervosamente o telemóvel, estava bem lá no fundo, mas por
momentos pensou que não o encontraria. Mandou uma mensagem para a Selena, sua
melhor amiga desde infância:
«Não vou poder ir. A
minha mãe não me deixa sair e estivemos a discutir e acabou ainda por me dar
uma estalada. Falamos amanhã...Beijos.»
A Selena para a Demi era como uma irmã. Entendia sempre os seus
problemas e ao contrário da sua mãe, estava sempre lá quando era preciso.
- Demi! Abre essa porta! – Gritava a mãe do outro lado da
porta.
- Não me apetece.
- Ok, vou buscar a outra chave. – Passados uns minutos, Dianna
entrou no quarto e sentou-se na cama da Demi, onde esta estava deitada de
barriga para baixo.
- Podemos conversar? – Perguntou Dianna com a sua voz calma,
parecia que a sua má disposição tinha desaparecido – Eu não sei o que se passa
contigo, tu não eras assim!
Demi ignora a sua mãe, agarrando na almofada que estava a seu
lado e aconchegando-se nela.
- Eu sou a tua mãe, exigo respeito! Não me trates assim, eu
não sou nenhuma das tuas amigas!
- Respeito? Como é que és capaz de dizer essa palavra?
Respeito é aquilo que não tens por mim! Chegas a casa tarde... Preferes dar
atenção aos teus amantezinhos do que à tua filha! Respeito é o que tu não tens
por mim e mesmo tu fazendo estas coisas eu continuo a amar-te e por vezes não
digo aquilo que sinto para não te magoar.
- Acho que é melhor falarmos amanhã Demi, descansa, amanhã tens
um dia de escola e precisas a tua cabeça fresca. Boa noite – diz Dianna
abalada, dá um beijo na testa de Demi e vai para o seu quarto.
Era a sua mãe, amava-a, mas
o simples facto de Dianna nunca estar com ela fazia-a sentir-se sozinha. Vestiu
o pijama e deixou-se a adormecer na sua cama agarrada à
almofada húmida das suas lágrimas.